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Madeira engenheirada: a nova tendência ESG que revoluciona a construção civil

A madeira tem se destacado como a protagonista do futuro da construção civil. Tal afirmação vem ganhando espaço em reportagens, publicações no LinkedIn, palestras e eventos empresariais. Essa nova perspectiva está diretamente relacionada ao ESG (Environmental, Social and Governance, sigla em inglês para ambiental, social e governança), inovação, tecnologia e uso de recursos renováveis na indústria – características essenciais para a era dos negócios sustentáveis.

A mais recente tendência da construção civil é liderada pela madeira engenheirada, cuja adoção traz benefícios ambientais e representa uma inovação nos processos do setor imobiliário, tornando os canteiros de obras mais produtivos e sustentáveis. Essa nova tecnologia, conhecida como “mass timber” no exterior, consiste em camadas de madeira maciça sobrepostas que podem substituir o concreto e o aço na construção de edifícios de até 40 andares, servindo como pilares, lajes e vigas.

Além de ser um recurso renovável, podendo ser replantada segundo critérios sustentáveis e certificáveis, a madeira é uma alternativa para reduzir o impacto ambiental da construção, uma vez que ela absorve CO2. De acordo com a Urbem, uma empresa brasileira do setor, cada metro cúbico de madeira engenheirada é capaz de eliminar uma tonelada de carbono da atmosfera. Outro benefício é a substituição de materiais convencionais, como o aço e o concreto, que são responsáveis por até um terço das emissões de gases de efeito estufa.

O processo de produção da madeira engenheirada é mais sustentável. Com a utilização do “mass timber”, algumas etapas que antes eram realizadas nos canteiros de obras passam a ser executadas em unidades fabris, onde os prédios de madeira são pré-fabricados e, posteriormente, montados nos canteiros, como peças de Lego. Além disso, por ser mais leve, a madeira requer até 30% menos concreto na fundação, segundo empresas desse mercado. Esse processo também resulta em menos resíduos, consumo reduzido de água e diminuição do tráfego de caminhões nas ruas, aspectos fundamentais para o desenvolvimento de cidades sustentáveis.

Os edifícios de madeira têm ganhado espaço no mercado internacional e, aos poucos, começam a se estabelecer no Brasil. Esse movimento é impulsionado pela agenda ESG. De acordo com a consultoria Market Research Future (MRMF), o mercado de “mass timber”, que atualmente movimenta US$ 1,7 bilhão no mundo, deverá atingir a marca de US$ 3,6 bilhões até 2027. A madeira engenheirada, que teve origem na Áustria nos anos 1990, já é amplamente utilizada na Europa, especialmente na Alemanha, Áustria, Itália e França. Nos Estados Unidos, desde 2015, foram construídos cerca de 1,5 mil projetos com esse material, em comparação com os 23 existentes em 2013, de acordo com a revista The Economist.

No Brasil, o empreendimento pioneiro nesse campo foi a loja de chocolates Dengo, do empresário Guilherme Leal, um dos proprietários da Natura. Inaugurada em dezembro de 2021, na Avenida Faria Lima, em São Paulo, essa construção de quatro andares é a primeira edificação totalmente feita de madeira engenheirada.

A empresa Urbem, uma divisão de negócios da Amata, especializada na gestão de ativos florestais e cujo acionista é Guilherme Leal, forneceu as lajes e paredes de madeira para a Dengo. Localizada em Almirante Tamandaré, no Paraná, próxima a florestas de pinus, a fábrica da Urbem, em funcionamento desde novembro de 2022, busca popularizar a madeira engenheirada no país.

Outro destaque nesse novo segmento é a construtech Noah. A startup é responsável pelo Arvoredo, um condomínio na Vila Madalena composto por seis casas de alto padrão, com um valor geral de vendas (VGL) de R$ 40 milhões. A previsão é que o empreendimento seja concluído no segundo semestre deste ano.

A Noah recebeu um investimento de R$ 15 milhões da Dexco em 2021. Combinando essa iniciativa com a da Urbem e outras que começam a surgir no mercado, é possível perceber indícios de uma tendência promissora para o ecossistema de venture capital no Brasil nos próximos anos.

Com informações da EXAME