Edit Content
Click on the Edit Content button to edit/add the content.

Gás e energia nuclear: sustentáveis ou não?

Uma decisão da União Europeia de classificar usinas nucleares e de gás natural como produtoras de “energia verde” tem causado controvérsia na Europa e no mundo.

A notícia foi divulgada em um comunicado no dia 2 de fevereiro de 2022 e pretende incentivar o investimento nesses setores, uma vez que quem investe no sistema de “energia sustentável” da UE garante incentivos fiscais como empréstimos e prazos maiores para pagamento.

Os defensores da energia nuclear reforçam que ela permite produzir eletricidade em grande escala sem comprometer compromissos ambientais de descarbonização.
Já os que defendem o gás natural explicam que classificá-lo como sustentável pode incentivar países que ainda são dependentes de carvão, como a Polônia, a migrarem aos poucos para outras formas mais limpas de energia.

Oposição entre membros da UE

Apesar de ter grande dependência do gás natural em sua matriz energética, a Alemanha se opôs fortemente à decisão, classificando-a como “inaceitável”.

“A energia nuclear é tudo menos sustentável. É arriscada, muito cara e os processos de construção e planejamento são muito longos para contribuir para a neutralidade climática até 2050”, disse Steffi Lemke, ministra alemã do Meio Ambiente.

Outros países também se opuseram à decisão. É o caso da Áustria e Luxemburgo, que cogitam entrar com uma ação judicial para impedir que a UE classifique a energia nuclear como sustentável.

A Espanha também afirmou que a proposta não envia os sinais adequados para investimentos em energia limpa.

Vale mencionar que o plano pode favorecer países como Alemanha e França. Enquanto a Alemanha depende amplamente do gás natural, a França gera 70% da sua eletricidade por meio de usinas nucleares.

No entanto, a decisão de rotular as duas fontes de energia como sustentáveis ainda não é definitiva, uma vez que o Parlamento Europeu e o conselho de chefes de Estado têm quatro meses para considerar a proposta, podendo contestá-la.

Para que o projeto seja barrado, é necessária uma maioria de votos de parlamentares ou pelo menos de 20 dos 27 líderes nacionais.

Metas sustentáveis

A Comissão Europeia explica que a decisão de classificar a energia nuclear e o gás natural como opções sustentáveis pretende apenas acelerar a redução das emissões de carbono do bloco enquanto não houver disponibilidade de outras fontes renováveis.

Nesse sentido, o gás substituiria termelétricas que utilizam carvão até 2035. Já as operações de energia nuclear estão permitidas até 2045, com usinas recebendo tecnologias avançadas para redução de desperdícios, além de melhorias na segurança. Tudo isso com o apoio de investimento privado.

A meta da UE é reduzir em até 55% as emissões de gases efeito estufa até 2030, limitando o aquecimento global em até 1,5 ºC até 2050, conforme objetivos estipulados pela ONU no Acordo de Paris.

Como defendido pela comissária europeia Mairead McGuinness, é necessário “usar todas as ferramentas à nossa disposição” para alcançar a meta da neutralidade climática.

Ainda assim, ambientalistas e líderes de nações que se opõem à decisão apontam que a medida é uma ação de greenwashing – tradução: “lavagem verde” – termo usado quando uma empresa ou instituição se mostra ambientalmente correta, omitindo os impactos negativos de suas ações.

Portanto, diante de tanta controvérsia, ainda é necessário aguardar a decisão do Parlamento Europeu quanto aos próximos passos a serem dados pelo bloco.

Fontes: Um Só Planeta | BBC | Poder 360