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Boom Festival: o festival ecoeficiente

Festival atrai mais de 40 mil pessoas por edição e engaja seu público com ações sustentáveis.

O Boom Festival é um festival bienal de música e cultura que acontece em Portugal. Neste ano, após não ocorrer em 2020 devido à pandemia do coronavírus, o festival aconteceu entre os dias 22 e 29 de julho. Sua primeira edição foi em 1997 enquanto evento musical, mas evoluiu ao longo de suas edições para uma celebração da cultura alternativa regado a muita sustentabilidade. Hoje, o Boom é um festival multidisciplinar, transgeracional e intercultural – e podemos dizer: praticamente autossustentável.

Em 2004, o Boom começou a desenvolver projetos para se tornar totalmente autossustentável, de forma que não contaminasse a natureza e educasse para a consciência ecológica.

Práticas verdes – da comida ao banheiro

Foto: Boom Festival

A ideologia do Boom prega que não devemos apenas deixar a natureza no estado que encontramos, mas deixá-la em melhor estado do que o encontrado, já que o evento é também responsável por seu impacto no ambiente natural e social.

A consciência ecológica é uma prioridade máxima antes, durante e depois do evento. Segundo a página do evento, o objetivo é aproveitar a oportunidade de um evento de grande escala, ao mesmo tempo em que apoiam a regeneração da natureza nos meses anteriores e posteriores ao festival para conscientizar os Boomers (nome que se dá aos frequentadores do festival).

Reflorestamento: a cada edição do festival são plantadas 925 árvores e 120 arbustos.
Sanitários de compostagem: são secos, livres de cheiros pútridos conhecidos por emanar do banheiro convencional. O tanque de compostagem sob o assento do vaso sanitário foi instalado para armazenar todo o cocô e xixi. É preparado com nutrientes como o carbono para auxiliar no processo de compostagem e neutralizar os odores. Quando terminar, use o papel higiênico reciclado, jogue-o dentro do vaso sanitário e feche a tampa imediatamente para manter o calor e as moscas fora. Os rejeitos líquidos e sólidos são mantidos em um tanque de compostagem onde as temperaturas atingem até 50 graus Celsius. O tempo e a alta temperatura levarão a maioria dos patógenos a morrer. Uma vez eliminados os patógenos, o material resultante é enviado a um laboratório para ser analisado e, se os resultados forem confirmados positivos, é utilizado para criar solo para a terra.
Energia: para abastecer os escritórios, refeitórios e oficinas, o espaço conta com 78 painéis que produzem eletricidade através de energia fotovoltaica para alimentar Boomland com capacidade de 10760W p/hora. Na irrigação terrestre, 28 painéis produzem energia solar direta para acionar as bombas solares com capacidade de 5.000W p/hora. Estes bombeiam água do lago e de um poço, que é depois utilizada para irrigar os jardins.
Água: em Portugal, os eventos são obrigados a fornecer água pública potável. No Boom há 33 postos com medidores de vazão para que o público encha suas garrafas. Além disso, há restrição do horário dos chuveiros para preservar o consumo de água.
Coleta de resíduos: a coleta dos resíduos é feita por mais de 150 voluntários da eco-equipe que separam cada material. Todos os resíduos são coletados, separados e compartimentados. Depois, eles são processados pela unidade pública de reciclagem de resíduos.
Comida: o festival não tem o conceito de proibição, mas de conscientização do público para uma alimentação mais saudável e ambientalmente correta. Cerca de 85% das opções do cardápio eram veganas e/ou vegetarianas, visto que o consumo de alimentos de origem animal traz malefícios ao meio ambiente.
Recipientes: 100% dos recipientes de comidas ou bebidas servidos nos restaurantes e bares são biodegradáveis.

Há o incentivo de uso de garrafas de água reutilizáveis, de recolher o lixo que achar no caminho mesmo que não seja seu e do transporte até lá ser feito por meios menos agressivos, como o uso de bicicletas. Além disso, o festival tem diversos programas sustentáveis e educacionais, e também contribui para o comércio local de pequenos negócios.

Resultados

Dados mais recentes da edição de 2018 mostram que 40% de todos os resíduos produzidos durante o festival foram reciclados. Sendo:

– 47,98 toneladas de plástico
– 15,94 toneladas de papel
– 14,35 toneladas de vidro
– 9,82 toneladas de metal
– 105,4 toneladas de lixo orgânico

O uso da eco-equipe para coletar, separar, e compartimentar os resíduos evita o uso de processos mecânicos para separar os materiais, impedindo emissões desnecessárias de CO2 na atmosfera.

Os resultados tendem a crescer cada vez mais com as ações propostas para a conscientização do público, responsável pela geração dos resíduos. Esperamos, assim, mais festivais voltados às práticas sustentáveis.

Fontes: Boom Festival | Eco Eficientes