Um estudo recente conduzido pelo Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (Cebds) em parceria com o Boston Consulting Group (BCG) revelou que nove em cada dez empresas brasileiras estão motivadas a empreender esforços significativos para reduzir suas emissões de carbono. Esse compromisso faz parte de uma jornada de descarbonização, com grande parte das empresas sendo capazes de calcular uma porção de suas emissões de carbono. No entanto, o maior obstáculo enfrentado por essas empresas é a falta de regulamentação clara no assunto.
O estudo envolveu 53 grandes empresas atuantes em setores diversos, incluindo agronegócio, transporte, saneamento, mineração e energia. Marina Grossi, presidente do Cebds, destacou que o alto nível de motivação para a jornada “net zero” (compromisso de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa) é um marco significativo, sendo 92% das empresas mostrando-se engajadas nesse sentido.
Segundo Grossi, a liderança das empresas percebe as vantagens de estar no Brasil, um país com uma matriz limpa e alta diversidade, e onde a pressão de investidores e as demandas ambientais do mundo exterior são cada vez mais importantes. Os líderes empresariais têm sido os principais incentivadores internos desse comprometimento, com 75% das empresas relatando que são os maiores líderes que estão impulsionando a jornada de descarbonização.
Apesar dessas perspectivas positivas, os especialistas envolvidos no estudo ressaltam que ainda há um longo caminho a percorrer. Embora a conscientização e o compromisso ambiental estejam crescendo nas empresas, existem desafios significativos. A venda interna dessas iniciativas sustentáveis é mais eficaz quando são vistas como oportunidades de crescimento, mas ainda há espaço para melhorias.
O estudo também revelou que as empresas brasileiras estão se comprometendo cada vez mais com metodologias rigorosas, como o Science-Based Targets initiative (SBTi), que monitora e aprova metas de redução de emissões. Entre 2019 e 2022, o número de empresas adotando essa metodologia cresceu 16 vezes, colocando o Brasil entre os cinco países com mais reportagens de redução de emissões no setor privado.
Apesar desses avanços, apenas 24% das emissões nacionais estão sendo reconhecidas pelas empresas e, de acordo com os compromissos assumidos pelo SBTi, menos de 0,1% das emissões serão reduzidas até 2030. A falta de regulamentação clara, a ausência de marcos setoriais e incentivos fiscais, bem como a dificuldade de engajar fornecedores e calcular as emissões do escopo 3, ainda são desafios enfrentados pelas empresas brasileiras comprometidas com a descarbonização.
Com informações da CNN Brasil.