Enquanto os modelos lineares enfrentam desafios relacionados a flutuações de preços e acesso a matérias-primas, além de contribuírem para a degradação ambiental, o modelo circular surge como uma alternativa restauradora e regenerativa.
Seu objetivo principal é manter produtos, componentes e materiais em maior utilidade e valor, devolvendo ao ciclo de produção o que poderia ser descartado como lixo. Isso possibilita a redução da quantidade de matéria-prima extraída da natureza, resultando em menos desperdício ao longo da cadeia produtiva.
Edson Grandisoli, pesquisador do programa Cidades Globais do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), destaca que ao utilizar menos recursos, há uma redução na necessidade de transporte desses materiais, o que, por sua vez, diminui a pegada de carbono da produção. No entanto, os benefícios da economia circular vão além da simples redução de resíduos.
Ao transformar o desperdício em fonte de criação de riqueza, a economia circular utiliza os resíduos orgânicos, como frutas e vegetais, na compostagem para produzir fertilizantes agrícolas, reduzindo assim o uso de produtos químicos nas plantações.
Além disso, um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) aponta que esse modelo pode reduzir os resíduos industriais em alguns setores em até 80-99%, e as emissões em 79-99%.
Princípios da economia circular
A economia circular se baseia em três princípios fundamentais: eliminar o desperdício e a poluição desde o início, manter produtos e materiais em uso e regenerar sistemas naturais. Grandisoli explica que um sistema circular cria caminhos para que os materiais, como os utilizados em um telefone celular, possam retornar ao ponto inicial de produção, evitando que se tornem desperdício.
O papel da reciclagem
Embora a reutilização seja o foco central da economia circular, a reciclagem desempenha um papel importante. No entanto, Luisa Santiago, diretora da Fundação Ellen MacArthur para a América Latina e o Caribe, ressalta que a abordagem da reciclagem deve ser repensada para ser mais eficaz.
Ela destaca que menos de 20% dos produtos no mercado são reciclados, o que evidencia a necessidade de uma abordagem mais sistêmica desse processo.
De uma economia linear para uma economia circular
Enquanto a economia linear segue um caminho de exploração de recursos naturais, produção, consumo e descarte, a economia circular propõe um novo modelo que considera a natureza como regenerável e os recursos como finitos.
Esse novo paradigma econômico busca atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e aos compromissos ambientais estabelecidos no Acordo de Paris, adotando práticas que promovam a sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais.
Com informações de National Geographic.