A indústria do tabaco e todos os malefícios associados a eles já são conhecidos há muito tempo. Além das doenças relacionadas ao fumo, os cigarros estão constantemente poluindo praias, cursos d’água e solo. Mas, evidentemente, o impacto da indústria do tabaco é muito mais agressivo do que pensávamos.
A OMS divulgou recentemente um relatório que detalha o impacto entre o processamento e o transporte, concluindo que “a indústria do tabaco despeja resíduos tóxicos nas comunidades e esgota os recursos naturais, envenenando não só as pessoas, mas o nosso planeta.”, disse Ruediger Krech, diretor de promoção da saúde da organização.
Ele também afirmou que os produtos de tabaco são o item mais sujo do planeta , contendo mais de 7.000 produtos químicos tóxicos que penetram em nosso ambiente quando descartados. “Aproximadamente 4,5 trilhões de filtros de cigarro poluem nossos oceanos, rios, calçadas, parques, solo e praias todos os anos”, concluiu.
Como o tabaco envenena o planeta
O relatório, intitulado Tabaco: envenenando nosso planeta, investiga como a indústria afeta o planeta, da produção ao processamento e transporte. Suas emissões de CO2 são equivalentes a cerca de 20% das emissões que vêm do setor de aviação comercial todos os anos, causando um impacto significativo e contribuindo ainda mais para o aquecimento global. E os efeitos são especialmente altos em países mais vulneráveis e de baixa renda, contribuindo também para a escassez de alimentos e água.
Anualmente, estima-se que a indústria seja diretamente responsável pela morte de 8 milhões de pessoas, 600 milhões de árvores, 200.000 hectares de terra, pelo desperdício de 22 bilhões de bilhões de toneladas de água e pela emissão de 84 milhões de toneladas de CO2. O relatório também observa que o tabaco sem fumaça e os cigarros eletrônicos também contribuem para a poluição. Embora os filtros de cigarro sejam supostamente benéficos, eles fazem pouco para proteger os fumantes e depois se decompõem em microplásticos – o mesmo vale para os cigarros eletrônicos.
Infelizmente, são os contribuintes que, através de impostos, pagam para limpar a poluição causada pelo tabaco. Só na China, são gastos quase 2,6 bilhões de dólares todos os anos. No Brasil mais de 200 milhões de dólares são destinados para este fim. É por isso que, algumas comunidades da Espanha, França e Estados Unidos passaram a responsabilizar abertamente os produtores por esta poluição, e a OMS está incentivando outros países e cidades a seguirem o exemplo. A organização também vem atuando em outras frentes como a mudança para o cultivo mais sustentáveis do tabaco, adoção de impostos mais altos e fornecimento de serviços de apoio para ajudar as pessoas a deixarem de fumar.
Preocupação também com produtores
A indústria do tabaco representa um grande risco para a saúde dos próprios produtores. Através do contato com a pele, esses trabalhadores consomem cerca de 50 cigarros de nicotina por dia. Não é à toa que aproximadamente 25% deles contraem doenças associadas ao fumo, ainda que não fumem. E, para agravar ainda mais, muitos dos trabalhadores que trabalham nas fazendas de tabaco são crianças.
O impacto nocivo da indústria do tabaco no meio ambiente é vasto e crescente, e até agora recebeu relativamente pouca atenção de pesquisadores e formuladores de políticas. As consequências ambientais o fazem passar de um problema humano a um problema planetário que não pode mais ser classificado simplesmente como uma ameaça à saúde, mas uma ameaça ao desenvolvimento humano como um todo.
Fontes: WHO | Greenmatters