Sistemas de biogás podem atender necessidades de energia em todo o mundo, enquanto reduzem os fluxos de resíduos e fornecem biofertilizador como subproduto.
O biogás tem sido usado como fonte de energia há séculos, para aquecer a água do banho ou acender postes de luz. Mas é a nossa trajetória de desafios socioambientais do século XXI que tem despertado maior interesse na produção desse tipo de tecnologia, especialmente a conversão de resíduos em biogás.
A eliminação de resíduos orgânicos, que são um grande problema devido aos padrões de consumo crescentes da sociedade moderna, pode ser uma fonte de energia alternativa renovável atraente e de baixo custo.
O que é um biodigestor?
Biodigestores produzem biogás de maneira muito semelhante ao sistema de digestão humana. Quando alimentados com matéria orgânica (como resíduos de alimentos, agrícolas e estrume animal), os biodigestores são decompostos por microorganismos e, na ausência de oxigênio, são transformado em biogás, que pode ser usado para aquecimento, cozimento, transporte e outras necessidades.
O biogás produzido a partir de resíduos (também conhecido como gás natural renovável) contém uma mistura de gases, principalmente dióxido de carbono e metano combustível – ambos gases de efeito estufa potentes.
Mas as tecnologias de conversão de resíduos capturam as emissões desses gases que, de outra forma, seriam liberadas na atmosfera e, em vez disso, as colocam para funcionar, economizando energia. O biogás, como resultado, pode realizar reduções significativas de emissões.
Em números
A produção global de biogás aumentou cerca de 4% ao ano entre 2010 e 2018, o que significa que o setor cresceu aproximadamente 40% na última década.
Existem atualmente mais de 130 mil biodigestores de pequena, média e grande escala operando em todo o mundo, principalmente na Europa, China e Estados Unidos. Embora o consumo de biogás represente apenas 0,3% da matriz energética global hoje, esse número é projetado para mais do que o dobro até 2040.
Sistemas domésticos de biogás
É estimado que 3 bilhões de pessoas não tenham acesso a combustíveis limpos para cozinhar. Da mesma forma, um terço da população mundial não tem acesso a instalações de saneamento e gerenciamento de resíduos, especialmente em áreas pobres e remotas.
A tecnologia de biogás em pequena escala pode ajudar a atender a essas necessidades, permitindo que as famílias produzam gás de cozinha limpo – substituindo a madeira e o carvão – enquanto gerenciam de forma sustentável os resíduos orgânicos domésticos.
Os sistemas domésticos de biogás, além de ajudar no corte de emissões, também geram benefícios socioeconômicos significativos: a tecnologia dos biodigestores de matagal, por exemplo, usados no interior do Brasil, permitiu que famílias do semiárido nordeste se tornassem autossuficientes em combustível limpo para cozinhar e que cortassem gastos com gás.
Embora o biogás tenha muitas vantagens socioambientais e econômicas, mesmo em comparação com outras fontes de energia renováveis, ele não deve ser buscado como uma solução única. O ideal é que várias fontes renováveis componham uma matriz energética para garantir o acesso inclusivo à energia e sustentável. De toda forma, o biogás terá um papel importante nas próximas décadas, inclusive na criação de empregos verdes – tanto que, na Índia, por exemplo, 85 mil pessoas já trabalham no setor. Que cada vez mais empresas desenvolvam alternativas eficientes e que governos legislem em favor do incentivo a métodos mais verdes de produção de energia. Como vimos, vale a pena!
Fontes: Eco Business | The Guardian