Instituições do município têm biodigestores, para transformar os restos de comida em gás de cozinha e biofertilizantes.
p>Há mais de um ano a Escola Municipal Alfredo Scherer, localizada em Venâncio Aires, tornou-se referência no que diz respeito à sustentabilidade. Tudo começou quando a escola participou de uma chamada pública lançada pelo Ministério do Meio Ambiente com o projeto de instalação de biodigestores para reaproveitar o lixo produzido na escola.
Colocando em prática
Funcionários da escola recolhem as sobras da merenda dos alunos e as colocam em um biodigestor, aparelho usado para tratar o esgoto residencial. O aparelho acelera o processo de decomposição da matéria orgânica por falta de oxigênio e tem a função de converter restos de alimentos em gás de cozinha e biofertilizante. A estrutura do aparelho também pode ser utilizada para tratar o esgoto de escolas sem saneamento básico. O gás natural é utilizado nas dependências da escola para aquecer as refeições dos alunos e funcionários, reduzindo o custo de aquisição de botijões adicionais de GLP. O chorume, derivado da decomposição de resíduos orgânicos, é um excelente fertilizante natural para uso como fertilizante para plantas e hortas.
Atualmente, a escola não possui horta própria por falta de espaço. Assim, o adubo produzido é encaminhado para a comunidade. Esse trabalho, feito em ambiente escolar, tem até inspirado as famílias a manterem as composteiras – recipientes para lixo orgânico – em casa para que o material se transforme em adubo e compostagem. A responsável pela escola acrescentou que a atenção da comunidade aos resíduos orgânicos começou com a instalação de biodigestores.
A diretora da escola, Ionara Bencke, afirma que todos os resíduos orgânicos que sobram não vão mais para o aterro sanitário da cidade. “Deixamos de depositar cerca de 2 mil kg de resíduos orgânicos em um ano e meio e reaproveitamos aqui mesmo”.
A iniciativa chegou a 23 escolas do município e ajuda a despertar a educação e cidadania ambiental dos alunos por meio de uma conexão com disciplinas como ciências, química, física, matemática e biologia. “A prática funciona muito melhor. Eles estão vivenciando, fazendo no dia a dia e vendo os resultados. Não fica só na teoria”, explica a professora Fabiane Walter, da escola Alfredo Scherer.
Projeto Nacional
Lançado em setembro, o projeto Escolas +Verdes tem o objetivo de promover a sustentabilidade nas escolas brasileiras. A medida, realizada pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com Ministério da Educação, tem investimento inicial previsto de até R$ 300 milhões para serem usados em ações de cidadania e educação ambiental, como a separação e tratamento de resíduos, reciclagem, logística reversa, reúso e eficiência no uso de água, eficiência energética e energias renováveis.
Agora, a experiência será levada para mais de 200 escolas de todo o país. A aquisição e implantação dos biodigestores em escolas públicas será financiada pelo Ministério do Meio Ambiente. Para a segunda fase do programa, a previsão é que sejam investidos R$ 200 milhões, abrangendo outras iniciativas sustentáveis. Escolas públicas ou particulares que adotem práticas de sustentabilidade também poderão requisitar o selo Escola +Verde. A certificação é um reconhecimento do Ministério do Meio Ambiente e um diferencial para estimular a educação ambiental dentro e fora de sala de aula.