Estudo indica que elas ajudam a reduzir as emissões de metano entérico.
O metano é o segundo maior contribuinte para a mudança climática depois do dióxido de carbono. E a maioria das emissões induzidas pelo homem vem da pecuária.
Cerca de 70% do metano agrícola vem da fermentação entérica – reações químicas nos estômagos e intestinos de vacas e outros animais de pasto à medida que decompõem as plantas.
Há cerca de 1 bilhão de bovinos em todo o mundo, portanto, reduzir o metano entérico é uma forma eficaz de reduzir as emissões gerais de metano. Mas a maioria das opções para fazer isso, como mudar a dieta das vacas para alimentos mais digeríveis ou adicionar mais gordura, não são econômicas. Em um estudo americano realizado este ano, pesquisadores mostraram que o uso de algas vermelhas como suplemento alimentar pode reduzir as emissões de metano e os custos da alimentação, sem afetar a qualidade da carne. Se essas descobertas puderem ser ampliadas e comercializadas, elas podem transformar a produção de gado em uma indústria mais econômica e ambientalmente sustentável.
Máquinas de digestão de plantas
Durante 21 semanas, os pesquisadores suplementaram a ração de 21 bovinos de corte com quantidades diárias de algas marinhas que variaram de 40g a 85g por dia.
As emissões de metano diminuíram de 70% a 80% e, à medida que produziam metano, os bois liberavam 750% a mais de hidrogênio, que tem impacto mínimo no meio ambiente. No entanto, os suplementos de algas marinhas não afetaram as emissões de dióxido de carbono dos animais.
Um achado importante foi que os novilhos converteram a ração em peso corporal até 20% mais eficientemente do que os bovinos em uma dieta convencional. Esse benefício poderia reduzir os custos de produção para os produtores, uma vez que eles precisariam comprar menos ração.
Ainda não se sabe porquê alimentar o gado com suplementos de algas marinhas ajudou a converter mais de sua dieta em ganho de peso, mas os consumidores que participaram do estudo não detectaram nenhuma diferença na maciez, suculência e sabor entre a carne de gado que consumiu algas e outros que não.
A ideia do estudo é bem interessante, mas a comercialização de algas marinhas como aditivo a rações para gado envolveria muitas etapas. Além da necessidade do desenvolvimento de técnicas sustentáveis de aquicultura de produção de algas marinhas em grande escala, o uso delas como suplemento para gado comercial deve primeiramente ser aprovado por órgãos regulatórios. De toda forma, com dados de quantificação, monitoramento e verificação das reduções de emissão de metano do gado seria possível viabilizar aos pecuaristas ganhos de créditos em programas de compensação de carbono e isso poderia impulsionar alternativas como as que o estudo propõe. Quem sabe em breve?
Fonte: The Conversation