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Os aterros sanitários concentram uma grande quantidade de chorume, um líquido altamente poluente que surge no processo de putrefação de toda matéria orgânica descartada no lixo. Esse processo de decomposição inclui substâncias físicas, químicas e biológicas que, misturadas à água, dão origem a esse poluente viscoso de cor escura e odor extremamente forte.
Ao ser automaticamente gerado e descartado no solo de maneira imprópria, o chorume pode ocasionar um grande impacto ao meio ambiente, pois possui baixa capacidade de biodegradabilidade. Sua alta carga de metais pesados, como chumbo e mercúrio, e os compostos orgânicos são fortemente tóxicos ao se infiltrarem no solo.
Uma grande concentração de chorume carrega substâncias capazes de atingir o lençol freático e contaminá-lo, acarretando em um ciclo de poluição da água desde a sua origem até os corpos abastecidos por ela. Esse ciclo se torna nocivo à natureza, aos animais e aos seres humanos.
O aterro sanitário é um espaço onde são descartados os resíduos recolhidos nas coletas de lixo. Nele, é aplicada a técnica de aterramento, onde esses resíduos são compactados e acomodados no solo, para em seguida serem cobertos por terra.
Um aterro sanitário é preparado com a impermeabilização, para que o chorume não tenha contato com o solo e a água subterrânea. Conta também com um canal de saída de gás, que drena o gás poluente gerado no processo de decomposição dos resíduos orgânicos e um sistema de drenagem de águas pluviais, para evitar que a água da chuva se junte ao chorume e aumente o seu volume.
Há ainda um sistema de coleta do chorume, que encaminha esse resíduo líquido para outro local, também impermeabilizado, como tanques ou lagoas de armazenamento. Antes de ser lançado na natureza, o efluente deve passar por um tratamento adequado a fim de neutralizar o seu odor e sua carga poluente.
A diversidade dos componentes que geram o chorume, o torna uma composição variável, o que dificulta a criação de um tratamento eficaz sem a realização de uma avaliação das características do lixo e do líquido gerado por ele.
Por isso, existem diferentes tipos de tratamentos, como os tratamentos primário, oxidativo, biológico, separação com membranas, evaporação, dentre outros. Em um aterro sanitário, os tratamentos mais utilizados são o biológico, químico ou por oxidação.
O tratamento biológico é o mais comum na maioria dos aterros brasileiros e é considerado um dos mais eficientes, além de ser um processo relativamente simples e de baixo custo. É basicamente realizado em três etapas que utilizam lagoas anaeróbicas, aeróbicas e de estabilização.
Primeiro, em uma lagoa anaeróbica com profundidade de dois a quatro metros, o chorume é depositado para que inicie o processo de degradação da matéria orgânica pela falta de oxigênio, que leva cerca de sete dias para ocorrer.
Após esse período, ele recebe uma carga de oxigenação na lagoa aeróbica, que pode demorar de três a quatro dias para que sejam removidos os metais pesados.
A lagoa de estabilização é a última etapa do processo, onde é depositado o chorume em formato de lodo. Essa lagoa funciona como um leito onde esse lodo terá a matéria orgânica retida e, então, a água que restar poderá ser descartada ou reutilizada da melhor forma.
No tratamento por oxidação, é feita a evaporação e queima do chorume, já no processo químico utiliza-se substâncias químicas para se obter um bom resultado. Continuam sendo desenvolvidos estudos para a criação novos tipos de tratamento de chorume que sejam eficientes nos seus diferentes tipos de composição.
Dada a complexidade desse efluente e o impacto que ele pode causar quando descartado sem tratamento na natureza, percebemos o tamanho do desafio quando falamos em saneamento ambiental, principalmente para as regiões que não contam com aterros sanitários.