Tal conclusão se deve ao estudo, que analisa a distribuição presente e futura de anfíbios no Cerrado e Mata Atlântica e a luz das mudanças climáticas em decorrência do aquecimento global.
Publicado na revista Ecology and Evolution, o estudo teve como principal autor, Tiago da Silveira Vasconcelos, da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com apoio da FAPESP no âmbito do Programa FAPESP de pesquisa sobre mudanças climáticas globais.
Segundo Tiago, o maior objetivo da pesquisa foi fazer um levantamento de todas as espécies de anfíbios do Cerrado e Mata Atlântica, e indicar suas preferências climáticas nas áreas onde vivem.
Além disso, a pesquisa teve a colaboração dos também estudantes, Bruno Tayar Marinho do Nascimento, da Unesp, e Vitor Hugo Mendonça do Prado, da Universidade Estadual de Goiás.
Atualmente, há 550 espécies de anfíbios na Mata Atlântica (80% endêmicas), e 209 no Cerrado. Tiago trabalhou com dados de distribuição espacial de 350 espécies da Mata Atlântica e 155 do Cerrado, as encontradas em ao menos cinco ocorrências especiais diferentes.
Os dados de distribuição espacial das 350 espécies da mata Atlântica e 155 do Cerrado foram trabalhados em duas métricas de ecologia de comunidade. A primeira é a diversidade local, alfa, que corresponde ao número de espécies em uma pequena área de habitat homogêneo. E a diversidade beta, que é a variação na composição de diferentes habitats e espécies.
De acordo com Vasconcelos, foram usados dados de clima para fazer a modelagem de nicho climático, usando quatro algoritmos diferentes baseados nas características de clima favorável para cada espécie. Tais algoritmos são modelos lineares generalizados de árvore de regressão, de floresta aleatória e de máquina de vetores de suporte.
Os algoritmos determinaram quais são as áreas de climas semelhantes, na Mata Atlântica e no Cerrado, no qual cada espécie pode sobreviver.
Anfíbios da Mata Atlântica e do Cerrado
Atualmente, a maior riqueza de anfíbios da Mata Atlântica está na porção sudeste, nos estados do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo, Paraná e São Paulo. Em contrapartida, as regiões interioranas são as áreas com menos riqueza.
Mesmo os resultados dos estudos apontando perda das espécies na Mata Atlântica, a região sudeste permanecerá como a mais rica em anfíbios.
No entanto, haverá perda generalizada no Cerrado, mas também ganho de biodiversidade em determinadas regiões. Os estudos da pesquisa indicam expansão das áreas climáticas favoráveis aos anfíbios, já que devido ao aumento das temperaturas, é esperada uma expansão das áreas do Cerrado nas direções norte e nordeste, ocupando espaços, que hoje são de floresta amazônica.
A mudança climática não alterará a maior área de anfíbios do Cerrado, que fica na margem sul deste bioma.