O surgimento dos “lixões” está ligado à dois fatores: falta de recursos e educação.
As atribuições foram apontadas em pesquisa realizada pelo Selurb (Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana). De acordo com o estudo, a questão econômica é o que mais se destaca. Municípios com lixões têm, em média, 90,8% de dependência financeira de repasses dos governos estaduais e federais, enquanto os que destinam os resíduos corretamente para aterros sanitários apresentam dependência menor —79,1%.
O estudo abordou ainda a relação entre o investimento em educação infantil e os depósitos ilegais de lixo. Foi constatado que, a cada 10% de aumento no número de crianças matriculadas na escola, diminui em 3,6% a probabilidade de surgir um lixão.
Outra revelação trazida pelo levantamento foi de que cidades com maior volume de recursos do orçamento municipal voltado à limpeza urbana tendem a criar menos depósitos irregulares.
Municípios com lixão gastam cerca de R$ 76 mil por mês com esses serviços. Já os que destinam os resíduos corretamente investem mensalmente, em média, R$ 534 mil.
Densidade populacional
A pesquisa mostrou que cidades com menor concentração urbana possuem maior probabilidade de gerar lixões. A destinação adequada de resíduos depende de um serviço logístico e demanda de escala para ser viabilizado. Assim, quanto maiores as distâncias a serem percorridas e menores os volumes de resíduos a serem coletados, mais cara fica a prestação do trabalho.
Cenário
Segundo o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana, desenvolvido pelo Selurb e pela PwC (PricewaterhouseCoopers), após oito anos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que determinava o fim dos lixões em 2014, 53% das cidades brasileiras ainda destinam o lixo incorretamente para depósitos clandestinos. São quase 3 mil lixões, que geram gases e substâncias que atingem os lençóis freáticos.
Em 2018, Alagoas se tornou o primeiro estado do Nordeste a erradicar os lixões. Os 102 municípios agora usam aterros sanitários e centrais de tratamento de resíduos.
No Brasil, apenas 3% dos resíduos produzidos são reciclados. Sem o reaproveitamento de materiais que poderiam ganhar outra função, perde-se, pelo menos, R$ 10 bilhões por ano.
Necessidade
Para eliminar os lixões no Brasil, além da questão educacional, as cidades necessitam de recursos orçamentários e financeiros para sustentar o custeio dos serviços. Sem recursos próprios e vinculados, aos municípios, os especialistas alertam que não será possível acabar com a destinação inadequada de resíduos.