A logística reversa, estabelecida pela Lei Federal 12.305/2010, Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é uma medida crucial para modificar a destinação dos resíduos sólidos e combater o descarte inadequado de resíduos. Essa abordagem visa fazer com que os resíduos gerados pelo consumidor final e sujeitos a logística reversa retornem ao setor produtivo para reaproveitamento em seu ciclo ou destinação ambientalmente adequada. Para isso, são firmados acordos entre o setor público e privado, estabelecendo responsabilidades compartilhadas na cadeia produtiva.
Segundo Gina Rizpah Besen, pesquisadora colaboradora e pós-doutoranda no Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, existem diversos resíduos sujeitos a logística reversa, abrangendo recicláveis, pilhas, baterias, óleo, resíduos eletroeletrônicos, medicamentos, pneus, embalagens em geral, embalagens aerossóis, entre outros. No entanto, apesar desses esforços, ainda não foram observadas mudanças significativas na destinação dos resíduos sólidos, que continuam indo para lixões e aterros sanitários.
A forma como os acordos setoriais estão estruturados coloca a responsabilidade compartilhada sobre o ciclo de vida do produto e dessa forma, o consumidor, o comércio e a indústria são responsáveis solidários em garantir o retorno de materiais sujeitos logística reversa ao ciclo produtivo.
É notório o avanço da logística reversa em algumas cadeias, como pneus, óleo lubrificante, embalagens de agrotóxicos e embalagens de alumínio, entretanto, é necessário avançar para que o país saia da estagnada taxa de 4% de reciclagem no país. Gina destaca que esse modelo brasileiro carece de controle social sobre os resultados dos acordos setoriais, o que dificulta a avaliação efetiva do progresso.
Por outro lado, Daniel de Oliveira Mota, professor de Engenharia de Produção na Escola Politécnica (Poli) da USP, acredita que o modelo de logística reversa no Brasil se adapta à realidade econômica. Ele ressalta que as empresas buscarão soluções econômicas e eficientes para cumprir suas responsabilidades, o que pode incentivar a inovação e reduzir a quantidade de resíduos sólidos destinados à natureza.
Em última análise, a logística reversa enfrenta desafios significativos, mas também oferece oportunidades para melhorar a gestão de resíduos e promover práticas mais sustentáveis na indústria e na sociedade como um todo.
Com informações do Jornal da USP.