O Rio de Janeiro planeja criar uma nova bolsa de valores focada na compra e venda de créditos de carbono e ativos ambientais como energia, clima e florestas, prevista para funcionar no segundo semestre de 2022.
O primeiro passo foi dado no dia 8 de março, em Nova Iorque, com a assinatura de um protocolo de intenções pelo Cláudio Castro em conjunto com a Global Environmental Asset Platform (Geap) e a Nasdaq, bolsa de tecnologia dos Estados Unidos em que estão listadas mais de 2.800 ações de diferentes empresas.
A parceria prevê o intercâmbio de informações entre o governo do estado do Rio de Janeiro, a Nasdaq e a Geap para implementação de políticas públicas para certificar, emitir e negociar créditos de carbono – por exemplo, a entrega de créditos ambientais a contribuintes que quitarem seus débitos do Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA).
Nos próximos 90 dias, um grupo de trabalho será criado para realizar estudos de viabilidade para implantação da nova bolsa, discutir propostas e formalizar um projeto-piloto.
Para lançar o projeto, a Nasdaq fornecerá a tecnologia e o estado do Rio de Janeiro, os ativos ambientais.
Nelson Rocha, secretário de Estado da Fazenda, informou que a meta é trazer também os ativos ambientais da iniciativa privada para serem negociados por meio da plataforma da Nasdaq que, a princípio, vai operar no exterior. “Vamos criar ambiente propício para que essa expansão aconteça nos próximos anos. Queremos fazer do Rio uma de investimentos de ativos ambientais”.
Economia Verde
Com a criação da nova bolsa de valores, é esperado que o Rio de Janeiro alcance um potencial econômico ambiental com estoque de 73 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2), podendo movimentar até R$25 bilhões, o que tornaria o estado um dos protagonistas na economia verde no Brasil.
“Cada tonelada desse ativo ambiental pode custar, em média, US$5. O segmento está ganhando força em todo o mundo e é visto como uma das alternativas de retomada da economia após a crise causada pela pandemia da Covid-19”, afirmou Claudio Castro, governador do Rio de Janeiro, em entrevista para a Agência Brasil.
De acordo com o secretário de Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha, o governo fluminense pretende ser referência nacional no mercado de carbono, neutralizando suas emissões até 2045.
O estado, que possui 31% de sua área coberta por florestas naturais, também planeja aumentar sua área florestal de Mata Atlântica em 10% por meio do projeto Florestas do Amanhã com um investimento inicial de R$410 milhões, o que deve gerar mais de 5 mil empregos.
Mercado de carbono
A venda de crédito de carbono é um instrumento econômico que visa a diminuição dos gases de efeito estufa, que provocam o agravamento das mudanças climáticas.
Nesse mercado, países que limitam suas emissões vendem créditos para nações que têm dificuldade em cumprir suas metas. Consequentemente, o lucro obtido é investido em outros projetos visando a redução das emissões de gases do efeito estufa, como reflorestamento e busca por fontes de energias limpas, de forma a cumprir as metas previstas no Acordo de Paris, que pretende assegurar que o crescimento da temperatura global média seja abaixo de 2 graus Celsius (⁰C) em comparação com níveis pré-industriais.
Uma projeção feita pela WayCarbon, indica que o Brasil tem o potencial de movimentar até US$ 100 bilhões em receitas de créditos de carbono até 2030.
Com um grande potencial e projeção de alta lucratividade, esperamos que a iniciativa fluminense sirva de inspiração para outros estados, contribuindo enfim para a descarbonização de diferentes setores da economia brasileira.
Fontes: SM Spacemoney | Agência Brasil | Canal Rural