Apenas 60% de todo o lixo hospitalar produzido no Brasil é coletado da maneira correta
São considerados lixo hospitalar os resíduos gerados em instalações de saúde, como hospitais, laboratórios, consultórios médicos e odontológicos, bancos de sangue, clínicas veterinárias. Geralmente, podem estar contaminados por sangue, fluidos corporais ou outros materiais potencialmente infecciosos.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), até junho de 2020, a geração de lixo hospitalar no Brasil havia aumentado 20% em relação a 2019. Ainda segundo a entidade, a geração média de lixo hospitalar por um paciente internado para tratamento da covid-19 tem sido de 7,5 quilos por dia.
Por que a gestão de resíduos hospitalares é importante?
Como os hospitais são instalações grandes, com operações complexas e sistemas de funcionários, os programas de reciclagem, na maioria das vezes, acabam sendo descoordenados e sem suporte. Um grande hospital pode produzir até uma tonelada de resíduos por dia. Os resíduos hospitalares também são considerados um dos fluxos de resíduos mais complexos de qualquer indústria e produzem um volume fenomenal.
O papel é a maior parte do fluxo de resíduos em hospitais, incluindo papel branco, papelão etc. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 80% dos resíduos hospitalares são resíduos gerais, os quais são materiais recicláveis de alto valor. Isso até poderia ser uma boa notícia mas, infelizmente, a maioria desses materiais acabam em aterros ou são queimados, onde é provável que poluam o solo e contaminem potencialmente as águas subterrâneas.
Em muitos hospitais de países em desenvolvimento, os resíduos são misturados e queimados em incineradores de baixa tecnologia e alta poluição, ou a céu aberto sem qualquer tipo de controle. O ponto é que a incineração de lixo hospitalar gera grandes quantidades de dioxinas, mercúrio e outras substâncias poluentes. Essas substâncias vão para o ar, podem ser transportadas por milhares de quilômetros e contaminam o meio ambiente em escala global, ou acabam como cinzas, que geralmente são descartadas sem levar em conta a carga de poluentes tóxicos que contêm.
Os resíduos hospitalares podem causar doenças se não forem manuseados de forma adequada. Resíduos infecciosos, especialmente perfurocortantes, representam um risco para aqueles que podem entrar em contato com eles. Não é à toa que, ainda de acordo com a OMS, a carga global de doenças de exposição ocupacional entre os profissionais de saúde corresponde a 40% das infecções por hepatite B e 2,5% para infecções por hepatite C.
Tipos de resíduos hospitalares
Os resíduos são separados em grupos, que englobam materiais especiais, gerais e infecciosos.
Grupo A (Possivelmente infectantes): Materiais que possuam presença de agentes biológicos com riscos de infecção, como bolsas de sangue contaminadas.
Grupo B (Químicos): Materiais que contenham substâncias químicas capazes de causar risco à saúde humana, animal e ao meio ambiente, como medicamentos para tratamento de câncer, reagentes para laboratório e substâncias para revelação de filmes de raios X.
Grupo C (Rejeitos radioativos): Materiais que possuam radioatividade em carga acima do normal, que não possam ser reutilizados, como exames de medicina nuclear.
Grupo D (Resíduos comuns): Qualquer lixo hospitalar que não apresenta contaminação como gessos, luvas, gazes, materiais passíveis de reciclagem e papéis.
Grupo E (Instrumentos perfurocortantes): Objetos que possam furar ou cortar, como: bisturis, agulhas, ampolas de vidro e lâminas.
E o lixo hospitalar que está em casa?
Veja exemplos de lixo hospitalar que você pode encontrar em casa:
– Curativos e curativos sujos com sangue e / ou fluidos corporais;
– Luvas usadas e outro EPI;
– Agulhas;
– Lancetas e tiras de glicose;
– Recipientes para perfurocortantes;
– Conjuntos de cateter urinário;
– Cateteres intravenosos ou IV;
– Cotonetes usados para tratamento de feridas;
– Depressores de língua;
– Tecidos com expectoração ou outros fluidos corporais;
– Sacos de risco biológico;
– Recipientes e bolsas para amostras, como frascos de laboratório.
No tratamento adequado de lixo hospitalar é preciso separá-lo de quaisquer outros materiais, fechá-lo hermeticamente e identificá-lo em caixas específicas de coleta para acondicionar itens contaminados. Muitas vezes, elas são comercializadas ou distribuídas pelas própria empresa ou laboratório responsável por esses materiais. No caso de objetos cortantes, como as agulhas, devido à natureza de seu uso, eles não podem ser reciclados. Aqui no blog da Dinâmica Ambiental você confere como fazer o descarte correto de perfurocortantes. Medicamentos velhos e vencidos também não são recicláveis e devem ser descartados em espaços próprios. Muitas farmácias possuem postos de coleta especialmente para xaropes, pomadas e comprimidos. Pias, ralos e no lixo doméstico, jamais!
A pessoa que gerou o resíduo continua responsável por ele mesmo depois do uso. Descartar corretamente o material hospitalar evita que esses itens acabem no lixo comum e que contaminem as pessoas, a água e o meio ambiente como um todo. A triste realidade em todo o mundo é, no entanto, que uma enorme quantidade de resíduos de saúde, incluindo os resíduos gerados como resultado de nossas respostas à pandemia, são maltratados com tecnologias mantidas de maneira inadequada ou nem mesmo são tratados. Não deixe de considerar as dicas e informações do artigo no momento de jogar fora os resíduos hospitalares utilizados em casa, levando-os aos pontos de coleta apropriados.