Tecnologia inédita desenvolvida pela escola de arquitetura da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) reaproveita o pó dos resíduos de madeira para produzir objetos de decoração e utensílios domésticos.
O processo consiste na mistura da serragem (derivada da madeira maciça) ou do pó de MDF com um aglutinante específico, parecido com a cola branca escolar. No primeiro caso, a proporção de resíduo é de 30%, enquanto no segundo é de 40%. Colocada em uma prensa que tem o molde do produto, a massa é submetida a certas condições de temperatura e pressão, durante o tempo necessário para a obtenção da textura e da cor desejadas, propiciando a obtenção do material e o acabamento estético em uma só etapa. É possível, também, adicionar algum corante.
Já foram criados porta-copos e vasilhas. A partir do segundo semestre, o projeto é fabricar luminárias, bandejas, cachepôs e painéis de parede decorativos.
A escola fez o pedido de patente no Instituto Inpi (Nacional da Propriedade Industrial) e vai licenciar os produtos com empresas.
A fase atual é de testes físicos, que envolvem avaliações de durabilidade e resistência mecânica e à água. De acordo com o acabamento, a aplicação de verniz ou óleo pode deixar o utensílio mais resistente à água e a intempéries.
Para o desenvolvimento do projeto, os pesquisadores recorreram ao Sindimov-MG, sindicato que reúne as indústrias moveleiras de Minas Gerais. Participam da pesquisa 39 empresas, que traçaram um panorama da destinação dos resíduos na região.
Um plano de corte (sem sobras de madeira) de uma chapa de MDF, com 1,5 cm de espessura, 183 cm de largura e 275 cm de comprimento gera, aproximadamente, 1 quilo de pó de resíduo. Para fazer um porta-copo, por exemplo, gasta-se 100 gramas; uma vasilha, 200 gramas; uma luminária, cerca de 450 gramas e a bandeja, 500 gramas.
Descarte incorreto
A destinação incorreta dos resíduos de madeira foi o que trouxe a ideia de utilizá-los e dar vida a esses materiais. O projeto começou a ser desenvolvido em 2013, motivado pela demanda de uma aluna, que via os resíduos sendo descartados de forma inadequada na marcenaria da família e de outras empresas.
Somente na capital mineira, as indústrias moveleiras geram 300 toneladas de resíduo por mês. Alguns fabricantes jogam os restos em aterros sanitários; outros doam para granjas ou padarias. Paga-se R$ 0,14 para descartar cada quilo de resíduo.
A destinação é ambientalmente prejudicial, especialmente pela presença de componentes químicos no MDF, como a ureia-formaldeído. Se aspirada ou ingerida, a substância é potencial causadora de câncer, de acordo com pesquisadores.